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Diário de bordo. Vila brandão/BA - 11.11.20 | Talvez um dia eu escreva sobre essas pedras.

Atualizado: 10 de mar. de 2021


Talvez um dia eu escreva sobre essas pedras. As pedras secas e cinzas. As mesmas pedras depois de molhadas. As cores novas que ganham depois de muitas vezes alençoadas pelo mar. Talvez um dia eu escreva sobre a ponta do mar. Esse final que chega aqui beirando meus pés, beirando a vila. As baratinhas d'água que eu só vejo na Rocha. Tente especular sobre de onde vem as espumas que chegam na costa com o mar mas até 5 nadadas atrás ali não estavam. Talvez um dia eu escreva sobre o silêncio e o som, o encontro dos dois, que se ouve daqui. A quentura no corpo provocada pelo sol, que mesmo escondido atrás das nuvens cinzas, queima. O tamanho das pedras que eu não sei nomear se é Rocha ou quase montanha. Sobre a maré que já subiu a ponto de mudar de cor e textura as pedrinhas cinzas lá do inicio. E que me fez ter que mudar de lugar, uma, duas, três vezes. Agora a quarta, que é de onde observo tudo de um pouco mais de cima. E com mais imensidão. Com mais transparência. Vejo mais o fundo do mar daqui. E um monte de barquinhos no horizonte. As ondas agora também parecem maiores, porque vejo um tanto da sua extensão que dali não via. Mas que em compensação me deixava sentir a pedrinha com os pés e falar com mais aproximação sobre a cor e a textura delas. Porque via quase que com a pele. Daqui sinto com os olhos. Ou através deles. A cor da minha pele mudou. Será que eu também mudei? Talvez um dia eu não escreva sobre o que pode ser e me baste na escrita tanto quanto esse lugar me é o bastante. E eu escreva apenas sobre o que é. Como é agora.

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