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Foto do escritorBruna Salatta

Diário de bordo. Vale do Capão - 29.01,21 - 23:21 | O oráculo da Lua

Atualizado: 10 de mar. de 2021


Querida pessoa que me lê, te escrevo agora como alguém que manda um cartão postal à uma grande amiga, aquela que é tão próxima de ideias mas está agora distante pelo espaço-tempo físico, querendo muito compartilhar um momento especial. Ontem recebi um convite para conhecer um oráculo que veio da Lua. Nos disseram que ele responde perguntas com um instrumento encantador que quando as suas mãos tocam criam um universo fabuloso. Um piano. E com ele e alguns corpos celestes que trouxe da sua viagem até aqui é possível ouvir respostas de perguntas que não foram feitas, dentro de um quarto de estrelas. Para quem acreditou que aterrissaria aqui na cidade um senhor com vestes largas e um chapéu fofinho em plena noite de lua cheia, ele deu o direito de fazer uma pergunta. Qualquer uma! E nós, eu e uma amiga, viajantes já muito intrigadas e cheia de dúvidas, fomos lá.


Para chegar andamos por uma estrada de terra iluminada pelos astros. E sem ter número ou endereço seguimos, até ao longe começar a ouvir uma música, que parecia sair de dentro de uma luz rosa entre folhas, galhos e nuvens passageiras no céu. Circundamos a luz rosa e ela se transformou em uma casa assim que encontramos a entrada. E por trás de um tecido que se fazia porta saiu uma mulher que nos convidou a entrar. Mas acredite você que me lê, que nessa cidade com aproximadamente cinco mil habitantes só poucas 7 botaram fé que realmente chegou aqui no vale do capão um oráculo da lua? Estávamos nós lá, dentro de um pedaço de um satélite cósmico. Imergidos por mensagens que eram ofertadas pelo Oráculo. E um por um, dos sete que foram vê-lo, ele convidou a se aproximar da resposta. Antes, ligar a pergunta acendendo uma vela. E então escolher: - É uma pergunta particular ou pública? Foram tantas perguntas profundas... Teve quem quisesse saber qual o som da lua, quantas estrelas existem no céu, o que estávamos fazendo ali naquela cidade... Uma moça profunda até perguntou à pergunta qual era a pergunta. E para todas, ele trouxe respostas. Respostas que eram uma expansível experiência no tempo. Para ouvir, fomos conduzidos até um local particular criado atrás do seu piano: o quarto de estrelas. Onde cada pessoa ouvia sua resposta deitado em uma cama confortável e quente, levemente iluminada. Feito para se ouvir. Eu, ser transitando e inquieta, já sou muito cheia de perguntas. Tenho inclusive um caderno onde armazeno elas e crio portais. Mas ali, diante de todas as possíveis respostas, não consegui pensar em nem uma. Até cogitei não ir me consultar com o oráculo por não ter uma questão profunda o bastante para ofertar, mas aquele quartinho de estrelas atrás do piano parecia ser um lugar tão incrível de conhecer... - e então, quem tem uma pergunta... - .... Eu!

- Particular ou pública?

- Particular.

E em voz baixa no seu ouvido eu confessei

- Na verdade, não tenho uma pergunta. Mas eu queria muito ouvir a sua música do quarto de estrelas. Ele me olhou

- uau.

E com as mãos me mostrou o caminho de uma cama entre galáxias. Com as mãos me mostrou também o universo único e fabuloso que cada ser é capaz de criar. Me contou sobre a beleza, confiança e relaxamento. Foi uma linda canção.

Ao final, me chamou para ouvir a mensagem da lua. Nas minhas mãos entregou um cristal azul pequeno e uma bolinha de gude. E disse: - Para todas as perguntas há dois tipos de respostas: as que você precisa de uma bola de cristal para saber e as que você encontra com os olhos.


Nos olhamos nos olhos. Agradecida. Quando todos terminaram, ele ainda nos deixou uma música como resposta à todas as perguntas que não foram feitas. Senti que vivi um dos momentos mais mágicos desses meus 28 anos.

Agora, onde de tudo acontece ao redor do mundo. Uma mulher grávida sente seu bebe chutar na barriga, um moço trabalha de uma escada numa pousada, algum grande empresário está falindo nesse momento e alguma mulher está andando por alguma rua com medo; uma flor está brotando, cientistas correm para desenvolver uma vacina e algum presidente em algum pais fala atrocidades. No meio de todos os acontecimentos, aconteceu de eu encontrar essa casinha, em uma rua de terra numa cidade tão pequena entre montanhas tão grandes, no interior da Bahia. Na cidade as pessoas conversam e escutam músicas de rádio, eu acabei de ouvir respostas através de um piano tocado por um oráculo que veio da lua.


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