Acho que nem sempre vou conseguir transformar em palavras aquilo que sinto. As vezes só vai doer. E escrever, levantar o braço em direção de cada letra vai ser o esforço de escalar uma montanha. Eu tô te ouvindo bater na porta, eu tô ouvindo você me chamar, eu tô gritando e chorando por dentro porque por mais que eu não consiga expressar isso por fora, sentir pra mim é violento. Acho que quando o Piva dizia para darem a ele um anestésico, a vida que lhe doia e ardia eram presentes desses momentos. De sentir que não tem escapatória. Que você vai esperar por algo que alivie logo e de uma vez esse vulcão ativo que você é começando a entrar em erupção. Eu não quero ver as labaredas, quero continuar a contemplar a vista. Paisagem ambígua. Chama e nuvem. Você não me chama, você não vem. E eu não me movimento mais nessa mesma direção porque agora você capinou terreno e conseguimos enxergar a trilha que cada um vai. Uma tempestade se aproxima. Choro da alma aos pés e sigo no silêncio. Ardendo.
A vida dói e arde | Diário de Bordo. Vale do Capão/BA - 16.03 - 16:11
Atualizado: 17 de mar. de 2021
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